Bernardo goes to Hollywood

Thursday, September 29, 2005

Contactos

Para as cartas dos fas resolvi ter a seguinte morada.
825 Weyburn Terrace Apt. C12 Los Angeles 90024 California USA
Por favor, tentem so enviar uma carta por semana. Caso contrario nao prometo respostas pessoais.

Para os telefonemas criei a seguinte linha de atendimento movel.
+001 310 216 8076
Mais uma vez peco-vos que usem o bom-senso e nao entupam a linha. Claro que ha o acrescento de que aqui tambem se pagam as chamadas que se recebem...

UCLA

University for
Caucasians
Lost among
Asians

Esta e uma excelente descricao do que e a fauna que habita por estas bandas. Claro que isto descreve muito mais os grad students (programas pos-licenciatura) do que os programas de undergrads (licenciatura). So a minha turma, a vontade, tem mais de metade asiaticos.
Coreanos, Indianos, Chineses, Cambodjanos, Israelitas (estes gajos sao obviamente asiaticos), Japoneses...

O que fabuloso e o sotaque dos tipos. Os Indianos sao tal e qual o Apu dos Simpsons. O Apu, para quem nao se lembra, e o dono do Kwik-E-Mart. E inacreditavel a semelhanca! Claro que nao consigo deixar de rir (ainda me ando a tentar controlar) sempre que eles falam. Lembro-me sempre do Apu... Os Chineses, nao conseguem dizer os Rs. Claro que isto e sempre giro em qualquer lingua...

A minha turma tambem tem algumas Sul-Americanas (ha 1 peruana, 1 chilena, 1 mexicana e 1 colombiana) tem malta europeia com a qual e possivel falar de futebol (somos 2 portugueses, 3 alemaes, 1 italiano, 1 russo e acho que e so isto). Nunca tinha reparado como somos tao poucos. Por estas bandas e que da para ver o quao semelhantes os europeus sao. Pelo menos quando comparados com os histericos americanos e com os hiper-introvertidos e estranhos asiaticos.

De momento somos mais de 40 a ter aulas. E um numero enorme, mas deve-se ao facto de termos aulas em conjunto com a malta de economia e com alguns undergrads e malta de outros departamentos. Enquanto escrevo isto o SCP acabou de sofrer o terceiro golo. Se nao e desta que o Peseiro vai embora...

Wednesday, September 28, 2005

Instalado

E verdade. Estou praticamente instalado. Ontem fiz a minha terceira visita ao IKEA, para comprar-tudo-aquilo-que-sempre-quis-comprar-mas-nunca-tive-coragem. A palavra 'coragem' e obviamente um eufemismo para embelezar a minha, tao propalada, forretice. No entanto como tive a boa noticia de que o departamento me vai dar mais $4000 que nao estava a espera, resolvi estourar parte do dinheiro em ornamentos para a maison.

Resolvi comprar um colchao. E verdade, ate agora andava a dormir sem o col no chao alcatifado do meu quarto. Nao comprei no entanto suporte para o colchao por tres razoes fundamentais: 1a Nao tinha dinheiro (caros pais, eu nado em recursos mas estabeleci um tecto demasiado baixo para o cartao de credito e so consigo levantar $300/dia); 2a Restricao de espaco. A minha casa, apesar de fazer a inveja da malta aqui do bairro* tem o quarto relativamente pequeno; 3a Nao havia nenhum suporte que nao fosse foleiro. Por estas 3 razoes, comprei um mero colchao, duro e maneirinho. Comprei uma estante grande a brava. Estreita mas alta. Alias comprei aquilo uma beca a medo. So quando cheguei a casa e que confirmei, que ao contrario do Ivkovic, o meu sentido de prespectiva ate nao e muito mau. Quero dizer com isto que o tecto do quarto era suficientemente alto para abarcar a estante. Mas nao muito mais alto... Claro que a estante pesa 40kgs. Comprei uma secretaria pequena e muito art deco para por o desktop que comprei ao Luis por $200.

A questao que se devem estar a colocar e: "Mas como e que o miudo se deslocou ao IKEA, que ja sei que fica em Burbank a 40 kms da casa dele, e foi buscar o computador a casa do Luis, que fica na Marina del Rey a 20 kms de casa dele, se ele nao tem carro?" A resposta a essa questao e facil. Pedi o carro emprestado ao Manu. O bicho tem aulas e eu ainda nao. Assim sendo o carro dele pode ser usado durante a tarde pelo je. Portanto fui com o Ariel (um colega meu israelita) ate a USC (a universidade do Manu) de autocarro pois na noite anterior tinha combinado com o Manel encontrar-me com ele ao 12:30 para ele me dar a chave do carro. Ao longo destas palestras (sim, porque isto que leem sao autenticos tratados) tenho por varias vezes referido o quao grande e a cidade. No entanto se olharmos para o mapa de LA podemos observar que a UCLA nao dista em muito da USC. Claro que o leitor mais atento diz. "Mas tu es parvo? Nunca ouviste falar em escalas? Por essa ordem de ideias quem olha para o mapa da Europa pensa que Lisboa e ao lado de Madrid!" Caro leitor, calma. A resposta a essa pertinente observacao e a seguinte: Os imbecis que criaram os mapas do Lonely Planet 'esqueceram-se' de colocar a escala... Portanto eu presumi, com bom-senso, que as universidades eram ao pe uma da outra. Assim sendo combinei com o Ariel sairmos da UCLA as 11 para dar folga para chegar a USC com tempo suficiente. Claro que imaginam o que aconteceu. Demorei 2 horas em autocarros. E meus caros deixem que vos diga que nao houve transito! Claro que quando finalmente cheguei a USC o Manu estava f..... comigo. Isto porque enquanto ele esperava por mim estava a perder uma aula. Gracias pela espera companheiro. O resto e a historia de sempre do IKEA.

Ja sairam as notas do teste matematica e e com alegria que comunico que 'passei'. Apesar de estar a espera, quando abri o mail fi-lo um bocado a medo.

*A minha casa, ao contrario da maioria das casa aqui no hood, e um duplex. Assim sendo, e claramente maior que as outras casas. So a minha sala e maior que a maioria das casas da malta. A pergunta a fazer e: 'O que e que fizeste para ter uma casa muito melhor que os outros?'
Resposta: Inscrevi-me depois do prazo para a lista de espera das casas. Simples e extremamente portugues.

Sunday, September 25, 2005

Apos o bloqueio

Esta semana acaba-se o que tem sido o estado natural das coisas desde Julho do ano passado. Esta semana acabam-se as ferias! E certo que tenho tido as aulas de matematica, mas isso foi claramente um aquecimento fraquinho para o que ai vem... A proposito do exame-diagnostico de sexta-feira, era facil e correu bem. No entanto, o exame tinha algumas perguntas tricky que nunca me passariam pela cabeca que me pudessem ser perguntadas. Com isto quero dizer que a forma de aprender por estas bandas, ao que me e dado a entender, e bastante diferente daquilo a que me habituei em Lisboa.

Ando portanto a queimar os proverbiais cartuchos antes do comeco das aulas. No fim-de-semana fui a Malibu mais uma vez, e durante a semana tenho alternado futebol com natacao e jogging, vulgo corrida. No Sabado, fui de novo a Zuma Beach com uma trupe de mais dois portugueses e apanhei um sustozinho (eufemismo). Por uma razao qualquer afastei-me do resto da malta e comecei a apanhar ondas um bocado afastado do resto do grupo de surfistas que la estava. Quando dou por mim, tenho pelo menos 3 golfinhos ao meu lado. Ate aqui tudo bem. Passado uma beca eles mergulham. Passadas duas becas eles comecam a saltar ao meu lado. Quando digo "ao meu lado" quero dizer a menos de 10 metros... Os bichos fora de agua parecem enormes, e eu so pensava que se um daqueles animais me caisse em cima, eu estava... Mas enfim, acho que foi so brincadeira e eu, pelo sim pelo nao, juntei-me ao resto do grupo. A ja famosa 'seguranca nos numeros'... No entanto agora que escrevo isto nao posso deixar de achar que foi uma experiencia fabulosa.

Ia agora comecar o paragrafo seguinte com 'A malta aqui nos EUA...' e obviamente quedei-me inerte. A razao da minha paragem e simples e deve ser esclarecida. Odeio erros de analise derivados do preconceito e de falta de poder de abstraccao. Quero com isto dizer o seguinte: Vivo em Los Angeles que e uma cidade da California que e um dos 50 Estados dos EUA. Ou seja, tenho uma amostra de vida muito, muito estreita. E isso e um problema. A vida aqui em LA e completamente diferente da vida em Lisboa, e por que nao dize-lo, da Europa em geral. As relacoes sociais, estado-cidadao, economicas etc. etc. sao bastante diferentes daquelas a que me habituei a viver e que nunca questionei (alias darei exemplos, conscientes e inconscientes, daquilo a que me refiro como 'diferente'). No entanto nao tenho a certeza se e a vida aqui em LA que e diferente ou se posso de facto fazer a extrapolacao para o resto dos EUA. Fim de esclarecimento.

O pessoal aqui no bairro, e por que nao dize-lo na California, e um bocado tarado pelo conditioning, ou seja ha uma grande maioria que se preocupa bastante com o seu fisico e com a sua aparencia. Por isso e perfeitamente normal cruzarmo-nos com dezenas de pessoas a correr, e a andar de bicicleta. Eu obviamente nao quero ficar atras, e como em Roma..., resolvi comecar tambem o meu conditioning. Devo confessar que sempre odiei o exercicio pelo exercicio. Quando andava no Remo e treinava todos os dias, fazia-o sempre a pensar nas provas e nos Nacionais. Nunca me passou pela cabeca fazer daquilo um prazer. O conceito de desporto por prazer nunca teve grande aceitacao na minha pessoa. A unica coisa que gosto de fazer por prazer e jogar a bola e agora o surf. Tudo o resto era despropositdo e macador. Ora eu nao mudei completamente. Assim sendo, as minhas corridas diarias e a minha natacao bi-semanal (ah! a piscina fica a menos de 500m metros da Anderson. Catita hein!) sao feitas a pensar na....... Maratona de Los Angeles! E verdade, ha aqui um grupo na Anderson (business school da UCLA para quem ligou o blogue agora) que estabeleceu o objectivo de em Marco participar na Maratona aqui da metropole. No entanto devo acrescentar que o exercicio diario (que sim, tem sido diario) nao me tem feito perder muito peso. O lado positivo e que nao tenho ganho nenhum, mas mantenho-me nos 85kgs, o que para uma maratona e claramente peso a mais.

Ontem, o meu colega de departamento, o argentino-pai-de-tres-filhos-Juan, teve uma atitude claramente denunciadora do seu estado de progenitor e deu-me uns conselhos sobre o programa de Doutormento. Infelizmente o que ele me disse ja eu calculava e foi uma mera confirmacao do que suspeitava. O programa e duro, competitivo e pode levar a depressao. Depois deu-me exemplos de tipos que ficaram: dias sem comer, semanas sem dormir e de um tipo em particular que, nao estando devidamente equipado, fez paraquedismo do terceiro andar do departamento de Economia. Mas nada temam caros leitores! Nada disto sucedeu aqui no departamento de Gestao e o vosso contador de historias ja teve um cheirinho do que um programa de PhD (o programa de Doutoramento da Nova, pelo menos a parte curricular, ja e relativamente a serio e o vosso interpido narrador, dando aulas decentes ao mesmo tempo, fez as cadeiras com a seguranca devida). O unico conselho que se pode dar a alguem que comece a fazer isto e: faz qualquer coisa completamente diferente e da-te com pessoas completamente alheias a vida academica. Eu conto fazer ambas as coisas. O surf fim-de-semanal nao e por acaso...

Thursday, September 22, 2005

O fim-de-semana que passou

O tao aguardado post.

Como sabem a California, e Los Angeles em particular, tem uma linha costeira enorme e com excelentes ondas. Pela primeira vez na vida surfei (e vi) ondas a rebentar em tubo. Uma das minhas primeiras decisoes pessoais aquando da chegada a LA foi a da compra imediata de uma prancha. Isto tem algumas repercursoes laterais como por exemplo, o alheamento momentaneo da vida academica, e isso e (excusado sera dizer) excelente.

Aproveitando o carro do Manu, fui no Sabado passado a Malibu ver lojas de Surf. Fui a Malibu porque me pareceu um local +/- obvio para encontrar surfshops. Malibu fica a 10 kms de Los Angeles e a cerca de 30 kms de Westwood (que e onde moro). Portanto posso dizer com propriedade que Malibu fica aqui ao pe. A loja era porreira, o dono era um surfista de 50 anos e ja tinha surfado em Portugal e falava um portugues com um sotaque claramente brasileiro. Alias, aqui toda a malta que da uns toques de portugues, fa-lo em brasileiro...

Comprei uma 7'6'' que e uma mini-longboard. Como tenho problemas numa articulacao na perna e como nao consigo fazer rapidamente o takeoff esta prancha da-me a estabilidade suficiente para me por em pe mais devagar. Por ora ando a angariar malta para fazer umas surfadas fim-de-semanais, neste momento vamos em 4 e o numero vai de certeza crescer... Ja ha, inclusive, conversacoes para uma surftrip pela California! No dia em que fui surfar pela primeira vez, o Pacifico claramente nao fez juz ao nome. (Estive na duvida de saber se juz e com z ou com s, mas nao tenho paciencia de ir ao dicionario) As ondas estavam enormes, claramente acima dos 2 metros, e deram-me um proverbial enxcerto. No entanto o que dominou o dia, nem foi o tamanho das ondas, mas sim o facto de estar na agua com golfinhos a, por vezes, menos de 10 metros de distancia. Vi pelo menos 20 golfinhos, e todos eles a menos de 30 metros da costa. E verdadeiramente impressionante. A agua e gelada, consegue bater a agua em Portugal e esta suja a brava. Para completar o ramalhete, fui picado no pe por um peixe qualquer. De inicio pensei que podia ter posto o pe numa rocha, mas em casa reparei que tenho na planta do pe 4 marcas equidistantes, do que e de certeza o registo dental de um peixe.

Amanha de manha, tenho um teste de matematica sobre optimizacao. Se passar livro-me da cadeira, se nao passar... (completem a frase). Acrescente-se a isto, o fardo social de ser visto como um falhanco inicial num programa competitivo a brava. Apesar deste toque dramatico a coisa, acho que nao irao existir grandes precalcos. Como ensinei isto (optimizacao) ai no burgo...

Tuesday, September 20, 2005

Malibu

Neste fim-de-semana que passou, e garcas ao carro do Manu, tive a possibilidade de me deslocar pela cidade num raio de mais de 3 kms. Ora esta possibilidade em LA da um certo jeito, porque a cidade foi feita para malta com carro. Digo isto pois e completamente inconcebivel querer-se ter qualidade de vida numa "cidade" com 100 kms por 100 kms. Tudo esta estupidamente longe, e portanto se nao quero ter uma vida de reclusao no campus (que por sinal ate seria produtiva...) preciso claramente de ter carro. Muita malta diz que "os sistemas de transporte em LA sao maus". Esta frase e falsa. A questao nao e a de nao existirem transportes publicos (eles ate estao la), o problema e que a cidade e tao grande que se torna inconcebivel andar de transportes publicos porque: sao relativamente lentos (os autocarros tem aquela coisa chata das paragens) e pela sua inflexibildade (so com uma sorte do caracas e que se consegue um autocarro directo sem fazer transbordo). Por isto e muito mais, um tipo dependente do autocarro esta tramado.

A semana passada quando fui ao IKEA fui ao de Burbank que e um bairro no meio da cidade e nao relativamente longe e andei 40 kms para la e 40 kms para ca. Se eu quisesse fazer isso de autocarro provavelmente precisava do fim-se-semana inteiro para fazer a viagem. Como curiosidade digo-vos so que ha uma boulevard ca no burgo que mede uns meros 50 kms.

Outro dos problemas da falta de mobilidade esta na propria estrutura da cidade. Como LA e uma cidade relativamente recente, a questao das "distancias como obstaculo" foi um "bocado" minimizada. Isto porque o Siza aqui da zona pressupos que toda a malta tinha carro. Como existe este racional de que ninguem vai andar a pe, e como ha espaco a brava, entao vamos construir nao em altura, mas sim em grandes areas, com passeios largos e com muito espaco entre cada casa. Mas o problema nem e este. O drama e que os tipos que idealizam a cidade imaginam o Los Angelino como um gajo com carro, ora se ele tem carro tem que o poder estacionar e como ha um custo associado ao estacionar o carro (tempo, arranjar lugar, parquimetro etc.) entao vamos fazer com que ele tenha tudo o que precisa apos estacionar o carro. Nasceram assim os outlets. Estes foram o ultimo grito da moda dos imbecis que planearam isto. Claro que quem nao tem carro esta lixado porque tem que ir aos outlets a pe...

Bom, a minha ida a Malibu esta-se a parecer com o Godot. Nunca mais aparece. No proximo post nao me vou desviar...

Monday, September 19, 2005

Primeira Surfada Pacifica

Neste fim-de-semana que passou, e aproveitando a ida do Manu a Lusitania, tive um carro. Devo salientar desde ja, que a posse de um veiculo motorizado e condicao necessaria para ter uma vida minimamente interessante em L.A. Assim sendo, apos a compra da prancha na sexta, e tendo combinado com malta do departamento um ida ao IKEA, eis-me embarcado numa nova experiencia. De facto foram duas: O IKEA propriemente dito, e guiar em L.A. com mudancas automaticas e em auto-estradas com, por vezes, 6 faixas para cada lado.
A experiencia do IKEA foi nova e infelizmente necessaria. A minha casa estava completamente desmobilada pelo que tive de arranjar algumas coisas, a saber: Candeeiros (consegui rasgar um deles ao tentar monta-lo); secretaria (ainda nao montei a dita por falta de instrumentos, ainda por cima escolhi um lixada para montar); comprei tambem 2 cadeiras para o meu quarto (uma delas esta montada, a outra ainda nao tentei) e comprei mais umas coisas pequenas (tapetes, uma coisa para fazer de prateleira no roupeiro etc, etc.).
Ontem fui com o meu room-mate Bryan, fazer umas compras para a sala (sofa, candeeiros etc. etc.). Como nao estavamos para pagar a entrega do IKEA, resolvemos meter tudo no carro (tejadilho incluido). A experiencia teve para ser desastrosa, se eu nao me tivesse lembrado de meter a mao no tejadilho para ver se as almofadas do sofa ainda la estavam. A verdade e que mais uns 500 metros (na autoestrada) e tinhamos ficado sem nada. Aquela porcaria estava mal presa e com a resistencia ao ar ie indo tudo (passe o pleonasmo necessario) pelos ares. Mas tudo acabou bem. Pelo menos acho que chegou tudo.

Da experiencia IKEA ficaram 2 coisas. 1a. Em principio as instruccoes para montar as coisas estao certas. Ontem aprendi isso the hard way. Depois de ter mandado mentalmente os gajos do IKEA para %^%& percebi que tinha comecado a montar a cadeira com os pes trocados, dai o facto de algumas pecas so entrarem depois de alguma porrada.
2a. Nem todas as pecas sao necessarias. Apos montar a cadeira topei com algumas pecas extra. Nao as usei e a cadeira mantem-se de pe e resistiu ao teste de me sentar nela. Agora so falta montar a secretaria...

O proximo post versara sobre a minha experiencia de surf no pacifico. So agora reparei que o titulo e o post, tal como a minha cadeira e secretaria, nao combinam.

Friday, September 16, 2005

Primeiro dia instalado e sem aulas

Ontem deixei de viver na caridade alheia. Gracias Daniel.
Tive finalmente a chave do meu apartamento e deixem-me que vos diga que e um chalezinho catita. Duplex, com a sala e cozinha ca em baixo e com 2 quartos e 2 casas-de-banho no andar de cima. As cerejas no bolo sao: 1ª Uma rua imensa em baixo onde se pode parar o carro sem haver parquimetro (Isto meus amigos vale ouro por estas bandas) 2ª A porta de minha casa fica a 20 metros da paragem do shuttle que me leva ate a parte norte do campus que e onde fica a Anderson.
Ontem fui fazer as compras para a casa e tive o primeiro verdadeiro choque cultural. Os supermercados americanos tem um sistema de precos completamente nao lineares, do genero: leve 1 por $4, leve 2 por $5. Mas isto acontece em tudo, o que leva a que gente orçamentalmente-consciente como eu, opte sempre pela segunda opçao. Resultado: trouxe o carrinho completamente cheio, o que nunca tinha feito. Outra das perolas deste pais, e que algumas peças de fruta sao obscenamente caras. Estava eu a retirar uns 8 kiwis descontraidamente quando olho para o preço (por curiosidade) e vejo que cada um custa 170 escudos. Enfim.
Ainda me faltam montes de coisas pouco obvias quando nunca se viveu completamente sozinho. No ERASMUS tinha que cuidasse de mim. Aqui, ainda nao.
Quanto às refeições... É melhor esqueçermos essa parte.

Hoje de manhã, sexta-feira, não tive aulas e tive um carro emprestado. Conclusão: Fui até malibu às 8 da manha e comprei uma prancha. Para os interessados é uma 7'4'' e é extremamente leve. Tive sorte, pois não foi muito cara e era exactamente o tamanho que tinha em mente. Comprei também uns suportes para meter a prancha no tejadilho. Amanhã de manhã vou-me estrear nestas águas. Como nota extra deixem-me que vos diga, que nunca vi tanta malta na água como aqui. Sem exagero, mais de 100 tipos por praia.

Hoje à tarde tenho mais um jogo de futebol.

Wednesday, September 14, 2005

Campus

A nossa pequena historia de hoje leva-nos ao jardim que e o Campus da UCLA, e ainda (se tiver paciencia) a Anderson. Esta (a Anderson) e a business school onde estudo e que me paga uma parte do meu salario de subsistencia.
Apos a viagem e todas as suas vicissitudes eis-me instalado como um raja. Encontro-me a dividir casa com um Americano e estou a 20 minutos a pe da Anderson. Nada mau.

A UCLA fica no norte de Los Angeles e aqui tenho as praias a 10 minutos de carro e tenho Bel Air e Beverly Hills a 10 minutos a pe. O Campus da UCLA e brutalmente grande. Para vos dar uma ideia da imensidao da coisa, digo-vos apenas que existem 3 (tres) linhas diferentes de autocarros a circular ca dentro. Ha espacos verdes a brava, os edificios estao cuidados e parece uma Gulbenkian em ponto grande. Uma das vantagens dos espacos verdes e que ha sempre malta a jogar a bola, frisbee, softball etc. etc. A bocado tive a jogar soccer com uns dudes. Apenas vos digo que elevei o nome de Portugal bem alto. Digo isto porque joguei com o equipamento alternativo da Seleccao e fiz furor. O ditado "em terra de cegos..." aplica-se claramente nestes jogos da bola.

Fiz a promessa a mim mesmo de acordar de manha (as 6:30) para comecar a fazer um joggingzito de 1 hora. Ha montes de malta a fazer e eu, se me quiser manter abaixo dos 90 kgs, e bom que me comece a mexer... Tenho aulas as 8:00, pelo que nao deve haver problema.

Quanto a Anderson. Bom quanto a Anderson ha muito para dizer. O departamento de gestao, como todos os departamentos de gestao espalhados por este pais, e claramente a divisao da Universidade com mais dinheiro. Em 1995 os tipos da business school proposeram-se a que ate 2005 conseguissem atingir os 100 milhoes de dolares em donativos. Apenas vos digo que faltam menos do que 5 milhoes. E IMPRESSIONANTE! Nem a Santa Casa consegue arrecadar tanto montante de donativos, se andar a dizer que e para ajudar os pobrezinhos. Deixem refrisar o ponto. Este dinheiro foi angariado como donativo. Nao ha contrapartidas. 100 milhoes de dolares sao 20 milhoes de contos... Claro que ainda nao falei do que a Anderson ganha com os MBAs e com os MBA para executivos. Se pensarmos que cada MBA custa 20 mil contos e que ha 300 jovens a entrar por ano, entao a faculdade ganha... Bom como nao sou o Guterres nao vos digo para fazerem as contas, que eu as faco por voces. 20mil contos*300=6milhoes de contos. Ou seja so em MBAs (excluindo os MBAs para executivos) a Anderson ganha 6 milhoes de contos/ano.

Mando estes numeros, so para dar uma ideia da magnitude do departamento. Acrescente-se ainda que o orcamento da Anderson e apenas 10% do orcamento de Stanford. No entanto este departamento e muito mais pequeno.

Quanto a distincoes, o departamento gaba-se de ter o melhor conjunto de investigadores do mundo. #1 em faculty intelectual capital. In your face Kellogg :). O edificio da Anderson e fabuloso e e composto por 5 edificios +/- independentes, mas que estao ligados entre si. Hei de por fotografias aqui no blogue, mas digo-vos que e uma obra de arte.

Eu tenho um pequeno cubiculo individual com computador (que e alias onde estou a escrever). Claro que me lixei por (falta) iniciativa propria. Aqui a politica e: O primeiro a chegar escolhe o cubiculo. Eu fui o ultimo...

Bom por hoje ficamos por aqui

Monday, September 12, 2005

L.A.

Enfim cheguei.

Apos 20 horas de voo e de transbordo, cheguei.
A viagem foi aborrecida e so teve 2 pontos de interesse: Enquanto estava em Heathrow a espera do aviao para LA, sentaram-se ao meu lado nada mais nada menos do que o Drogba e o Makelele. Estavam os dois a falar aos altos berros quando chega um policia com uma folha de papel e lhes pede para assinarem um autografo: "Hi lads, could you give me an autograph for my son Jake?" Ao que os dois responderam "Sure". Claro que isto e a resposta sensata que se da a um tipo com uma metralhadora e o dedo no gatilho.
O segundo ponto interessante foi o ter-me sentado ao lado da Joanna Hayes no aviao para L.A.. Para quem nao sabe, a Joanna Hayes e uma atleta americana de 100m barreiras. Se isso nao vos reaviva a memoria, digo-vos que ela foi medalha de ouro nos J.O. de Atenas e que caiu na penultima barreira nos Campeonatos do Mundo de Helsinquia. Ela ficou espantada por haver um Europeu a conhece-la...

Estou cansado e ainda tenho de arranjar casa e tudo o resto. Hoje tive aulas de matematica a um ritmo bombado mas claramente perceptivel. Espero que isso se mantenha. Se nao a parte do bombado, pelo menos a parte do perceptivel.

Ainda nao percebi como colocar acentos...

Friday, September 09, 2005

O Estado da Nação

Após presenciar o US Open ocorre-me dissertar sobre a nossa realidade colectiva como povo português.

A questão que de imediato se coloca é: Será que somos um povo assim tão miserável que nem consigamos ter 1 ou 2 gajos no top 150? A resposta é óbvia: Sim, a realidade comprova-o.

A questão subsequente é: Será que temos de ser um povo tão miserável ao ponto de não conseguirmos: Meter nenhum gajo/senhora no top 150 de ténis; ir a uma final nos Campeonatos do Mundo de natação; ter um jornal desportivo que não dedique >90% ao Futebol (hoje temos 3 fotografias com o mago Karagounis na capa da newsletter do Benfica (aka "A Bola"*)); etc...

A resposta a estas questões é um rotundo: Não! Não temos de ser um povo miserável!
Não há razões genético-geográficó-históricas que nos mantenham no nosso estado latente de imbecilidade cultural. Na minha opinião, o desporto também é cultura. Digam-me que desportos são praticados pelos jovens do vosso país e dir-vos-ei o vosso grau de desenvolvimento. Acho que estamos a ir no caminho certo, mas ainda somos demasiados apegados ao futebol (que eu adoro) e não criamos as condições para o desporto escolar se desenvolver. Até termos um pavilhão em cada escola, até termos desporto escolar em condições, podemos dizer que como "geração no poder" falhámos.

A UCLA se fosse um país tinha ficado em 18º lugar nos J.O. de Atenas. A USC (universidade do Manu) se fosse um país tinha ficado em 12º lugar no quadro de medalhas... Palavras para quê?

Faltam menos de 30 horas para me despedir do rectângulo. Gostava de não me ir embora já. Mas a vida tem ironias filhas-da-mãe pelo que me resta citar Pessoa quando diz:

E se sinto quanto estou
Verdadeiramente só,
Sinto-me livre mas triste.
Vou livre para onde vou,
Mas onde vou nada existe.

*A piada não é minha. Avé Inimigo Público, eu te saúdo.

Wednesday, September 07, 2005

US Open

Ponto VII - Ténis

Tendo acompanhado todo o US Open, assim como a temporada de ténis em geral, há alguns apontamentos que saltam à vista e que passarei a partilhar convosco:

1º O Federer é o melhor tenista desta geração - "manda mais bocas óbvias Bernardo" pensais vós.

2º Somente o Nadal poderá ganhar ao Federer de uma forma consistente nos próximos anos.

3º O Ginepri NUNCA mais chegará a uma meia-final de um Grand-Slam.

4º Nos últimos 10 anos o ténis feminino conheceu a maior evolução de sempre. O ténis feminino nunca me agradou especialmente (tirando a óbvia estética da coisa) principalmente devido à sua falta de competitividade, profissionalismo e potência. Felizmente com a entrada da Monica Seles, que varreu tudo até ser esfaqueada, o ténis feminino ganhou consciência de que massa muscular era uma condição necessária para ter sucesso. As manas Williams tiveram first movers advantage neste tipo de pensamento (no início desta década elas eram as únicas com um serviço que se aproximava dos 200/hora). Resultado? 12 Grand-Slams entre elas entre 2000 e 2003.

5º A Kim Clijsters merece e vai ganhar este ano. Ela que nunca ganhou um Grand-Slam.

6º O Hewitt é o tipo mais imbecil do circuito, mas é também o 3º melhor jogador.

7º O Kuerten tem a esquerda mais potente e eficaz que alguma vez vi. Se ele não tivesse as lesões...

Tuesday, September 06, 2005

Reflexões pré-partida - III

Ponto 6 - Meio de Transporte

Este tópico está claramente ligado ao ponto "Onde Viver". A UCLA tem uns apartamentos mesmo junto ao Campus (5 kms) o que do ponto de vista de distância Los Angelianas corresponde a alguém que viva na Mesquita e estude na FEUNL. Caso opte por esta opção, que por razões de mercado é mais cara, posso comprar uma bicicleta. Vantagem da opção-bicicleta: Preço. Desvantagens: Autonomia. Se ambicionar ir a outro local que não o Campus, se quiser ir às compras no supermercado, se num acesso de loucura quiser ir a um bar, ou se quiser transportar a prancha*, estou claramente dependente de caridade alheia.
Vantagem opção-carro: Autonomia. Posso visitar qualquer parte dos EUA de carro, e isto inclui ir visitar o André fazendo a Route-66 que liga Chicago a Los Angeles. Desvantagens: Custo. Os seguros nos EUA são caros (30 contos por mês) e as Multas por estacionamento também o são, com o acrescento de que são obrigatórias de facto. Se não pagar uma multa vou preso e arrisco extradição.

*Para a geração após 1990, "prancha" é uma palavra old-school para designar "tábua"

Thursday, September 01, 2005

Algumas reflexões pré-partida - II

Ponto 4 - Tour 2006

Tal como os Jesuítas no séc. XVI, também eu sofrerei por ir tentar civilizar malta do outro lado do mundo. Esta é uma clara desvantagem de ir viver para um país semi-desenvolvido.

Os selvagens não têm transmissão em directo da Grand Boucle. O facto de "as etapas começarem às 3 da manhã" é a esfarrapada desculpa que me foi apresentada para não darem as etapas em directo nessa "Piolheira"* a que chamam California.

Assim sendo, não verei o Jan a limpar o Tour para o ano que vem. O Ivan Basso ficará em segundo. Aposto o que quiserem!

*O termo foi utilizado pelo do D. Carlos para caracterizar Portugal. Claro que os piolhos lhe limparam o sebo uns anos mais tarde.

Ponto 5 - O que levar.

Orgulho-me de "andar leve"*. Andei pela Síria, Líbano e Jordânia, com apenas uma Montecampo. No entanto a viagem de então não foi tão longa como esta, nem para uma civilização tão diferente.

Assim sendo as precauções têm que ser maiores. Não muito maiores, porque não tenho paciência para planificações, mas maiores de que qualquer forma. A saber:

Música - Atulhei-me de música portuguesa. Comprei Rui Veloso, Xutos, Mesa, Humanos (grande álbum), Colectânea de Fados Vol. I e II, Madredeus, Camané, Da Weasel, Sam the Kid...

Também vou levar tudo o que tiver de música brasileira: Chico, Caetano, João Gilberto etc. etc.

Escrevo estas linhas também para dizer que a música anglo-saxónica que deixo cá fica para os meus irmãos. Por falar em educar selvagens...

Roupa - Levo as duas camisolas da Selecção. Levo pólos, t-shirts, bermudas, calções e umas calças. Levarei também 4 camisas e 2 ou 3 camisolas. Claro que isto são os meus planos, porque se a minha mãe insistir (e muito provavelmente fá-lo-à) multipliquem por 3 tudo o que está acima. Ah! Levo também o meu fato de Surf, que a água do Pacífico consegue ser mais fria que a nossa. A prancha fica cá para os manos e compro outra quando lá chegar.

Livros - Levo o que estiver a ler. Neste momento são 2 livros do Douglas Coupland e um do Yann Martel (não, não é A Vida de Pi)

*Tradução literal do "Travelling light" dos Tindersticks. Grande música de uma excelente banda.

Algumas reflexões pré-partida - I

O meu exílio começa no próximo dia 11. No entanto o regime de inactividade total a que estou sujeito leva-me a escrever estas notas.

Ponto 1 - Data de partida.

Andava eu no sítio da Tagus a ver voos e a ficar parvo com os preços quando me deparo com um dia em que os voos eram >30 contos mais baratos. Esse dia era o dia 11. Só quando vejo o recibo é que associei o preço ao dia 11 de Setembro.

Ponto 2 - Futebol

Por razões óbvias, o meu maior medo é o não acompanhamento da bola. Será que quando vier no Natal ainda me lembro do que é um fora-de-jogo? Ou será que me torno num dirigente da FIFA e confundo esse Mandamento com uma alarvidade qualquer? Mete medo...

Foi esta dúvida (para não dizer pânico) que me fez comprar, ainda em Portugal, um sistema para ver a bola em Los Angeles. Claro que comprei o sistema quando decorria o minuto 10 do Benfica-Gil Vicente, se soubesse o que sei hoje... provavelmente também comprava. Karagounis e Miccoli, Karagounis e Miccoli.

Ponto 3 - Diferença Horária

A California fica num fuso 8 horas atrás de nós. Isto tem vantagens e desvantagens.

Prós:
Quando alguém me telefonar, mesmo que seja 12:00 em LA, posso sempre dizer que estava a dormir. Como ninguém está para fazer as contas ao telefone (numa chamada intercontinental) o que provavelmente acontecerá é que quem telefone peça desculpa e desligue.

Posso ver o campeonato Mexicano, e.g. Cruz Azul - Guadalajara, a horas decentes.

Acho que quanto a vantagens fico-me por aqui.

Contras:
Todos. A Liga dos Campeões, mais precisamente os seis jogos do Benfica*, serão todos ao 12:00! Palavras para quê...

* Sei que a piada é óbvia mas fica sempre bem.