Variedades
As vezes gostava de ser o Luis Delgado. Quero dizer com isto que por vezes gostava de poder escrever sem ter de pensar ao mesmo tempo. Esta qualidade da um certo jeito e e tambem partilhada pela malta do BE (tao parecidos que eles sao). A verdade no entanto e que estou aqui sentado a frente do ecra e o meu pensamento parece-se com supermercado de um qualquer pais comunista. Ou seja, completamente vazio...
A frase 'cuidado com as aparencias' vem-me frequentemente a cabeca nesta minha estadia por estes lados. Nao e que os americanos sejam tipos muito cuidados com as indumentarias sendo ate comum ver malta de pijama na rua (nao estou a gozar nem a criticar). Alias pensando bem acho que se pode afirmar sem ponta de duvida que o americano-medio e uma beca saloio para padroes europeus ('que arrogancia e presuncao!' pensara o leitor) mas e verdade. Para eles a ostentacao de um certo nivel de vida e sagrado. Basta olhar para os carros que conduzem e para os produtos de compram. Os tipos sobrevalorizam tudo o que e europeu nomeadamente italiano e frances. O facto de ser europeu da uma certa vantagem competitiva. O facto de se ser latino e europeu da duas vantagens competitivas... Bom mas nao e disto que tratamos. O que acho fantastico neste povo e a sua constante preocupacao em tentar interiorizar que vivem de facto no pais da igualdade, onde as diferencas nao importam. Vamos a exemplos:
Primeiro - E ilegal especificar a raca o sexo e a idade num anuncio de oferta de emprego. Ou seja, se eu quiser ter um determinado tipo de empregado vou ter de fazer dezenas de 'entrevistas' so para conseguir seleccionar mais ou menos o que quero. Acho especialmente hilariante o facto de nao se poder perguntar o sexo ao job applicant. Se eu quiser um empregado(a) nao o posso afixar num anuncio de jornal. Perda de tempo e de eficiencia para nao dizer estupidez do caracas.
Segundo - Os tipos tem milhares de eufemismos para caracterizar certas situacoes/tipo-de-pessoas, etc... (Nao me vou lembrar de montes delas, mas vou escrevendo a medida que me for lembrando). Por exemplo, um cego nao e cego, e visually impaired. Um pobre nao e pobre, e simplesmente under-privileged. Uma casa de banho nao e uma bathroom (como erroneamente pensei) mas sim uma restroom. Um preto nao e preto, mas sim african-american. Outro dia cometi uma gaffe ao comentar qualquer coisa sobre os orientals. Queria dizer que havia montes de asiaticos (leia-se chineses/coreanos/japoneses) e saiu-me a palavra orientals. Houve silencio de morte, percebi que nao se diz a um chines que ele e oriental...
Os EUA fazem-me lembrar um Alfa-Romeu dos anos 70. Bonito por fora, mas uma valente ..... Isto porque ha uma assimetria impressionante, nao entre os have e os have-nots, mas sim porque os have-nots sao quase todos pretos. E incrivel! No meu bairro todos os sem-abrigo sao pretos, TODOS. A semana passada fui a Downtown a um bar japones de karaoke (festa porreirissima e regada de sake) e fiquei estupefacto com a qualntidade de sem-abrigo que havia nas ruas... Para alem da situacao de vida, partilhavam todos a mesma raca. Como e que os americanos se escondem atras da pseudo-igualdade quando a realidade e tao gritante. Faz lembrar o Maginot a gabar-se da robustez das suas linhas ao mesmo tempo que os nazis marchavam nos Champs Elysees. Estupido e desfasado da realidade. Um bocado ao nivel do que os Lakers fizeram quando venderam o Shaq para ficar com o Kobe. Agora nao ha playoffs para ninguem...
Outro dia um americano perguntou-me se havia muitos african-americans em Portugal... Muito bom! Eu disse-lhe que nao, mas que havia uma boa maquia de malta africana e que alias a minha mae era de Africa. O gajo perguntou-me se eu estava a gozar com ele (e por acaso ate estava) mas mantive a postura e disse-lhe que a minha mae era branca e que sim, havia black africans em Portugal mas que nao eram african-americans. O tipo demorou uns 10 segundos para perceber a diferenca de conceitos.
PS - No meio de tudo isto nao posso deixar de referir o seguinte. Existe um programa federal (afirmative-action) cujo objectivo e atenuar as assimetrias raciais. Ou seja dependendo da raca/estrato-social as exigencias para o acesso a qualquer posto (seja numa Universidade, seja num emprego estadual) variam de acordo com a categoria em que uma pessoa se insere. O tipico tratar o igual como igual e o desigual como desigual. Na minha opiniao este sistema e virtuoso, mas e claramente insuficiente. Basta-me sair a rua para o constatar...
A frase 'cuidado com as aparencias' vem-me frequentemente a cabeca nesta minha estadia por estes lados. Nao e que os americanos sejam tipos muito cuidados com as indumentarias sendo ate comum ver malta de pijama na rua (nao estou a gozar nem a criticar). Alias pensando bem acho que se pode afirmar sem ponta de duvida que o americano-medio e uma beca saloio para padroes europeus ('que arrogancia e presuncao!' pensara o leitor) mas e verdade. Para eles a ostentacao de um certo nivel de vida e sagrado. Basta olhar para os carros que conduzem e para os produtos de compram. Os tipos sobrevalorizam tudo o que e europeu nomeadamente italiano e frances. O facto de ser europeu da uma certa vantagem competitiva. O facto de se ser latino e europeu da duas vantagens competitivas... Bom mas nao e disto que tratamos. O que acho fantastico neste povo e a sua constante preocupacao em tentar interiorizar que vivem de facto no pais da igualdade, onde as diferencas nao importam. Vamos a exemplos:
Primeiro - E ilegal especificar a raca o sexo e a idade num anuncio de oferta de emprego. Ou seja, se eu quiser ter um determinado tipo de empregado vou ter de fazer dezenas de 'entrevistas' so para conseguir seleccionar mais ou menos o que quero. Acho especialmente hilariante o facto de nao se poder perguntar o sexo ao job applicant. Se eu quiser um empregado(a) nao o posso afixar num anuncio de jornal. Perda de tempo e de eficiencia para nao dizer estupidez do caracas.
Segundo - Os tipos tem milhares de eufemismos para caracterizar certas situacoes/tipo-de-pessoas, etc... (Nao me vou lembrar de montes delas, mas vou escrevendo a medida que me for lembrando). Por exemplo, um cego nao e cego, e visually impaired. Um pobre nao e pobre, e simplesmente under-privileged. Uma casa de banho nao e uma bathroom (como erroneamente pensei) mas sim uma restroom. Um preto nao e preto, mas sim african-american. Outro dia cometi uma gaffe ao comentar qualquer coisa sobre os orientals. Queria dizer que havia montes de asiaticos (leia-se chineses/coreanos/japoneses) e saiu-me a palavra orientals. Houve silencio de morte, percebi que nao se diz a um chines que ele e oriental...
Os EUA fazem-me lembrar um Alfa-Romeu dos anos 70. Bonito por fora, mas uma valente ..... Isto porque ha uma assimetria impressionante, nao entre os have e os have-nots, mas sim porque os have-nots sao quase todos pretos. E incrivel! No meu bairro todos os sem-abrigo sao pretos, TODOS. A semana passada fui a Downtown a um bar japones de karaoke (festa porreirissima e regada de sake) e fiquei estupefacto com a qualntidade de sem-abrigo que havia nas ruas... Para alem da situacao de vida, partilhavam todos a mesma raca. Como e que os americanos se escondem atras da pseudo-igualdade quando a realidade e tao gritante. Faz lembrar o Maginot a gabar-se da robustez das suas linhas ao mesmo tempo que os nazis marchavam nos Champs Elysees. Estupido e desfasado da realidade. Um bocado ao nivel do que os Lakers fizeram quando venderam o Shaq para ficar com o Kobe. Agora nao ha playoffs para ninguem...
Outro dia um americano perguntou-me se havia muitos african-americans em Portugal... Muito bom! Eu disse-lhe que nao, mas que havia uma boa maquia de malta africana e que alias a minha mae era de Africa. O gajo perguntou-me se eu estava a gozar com ele (e por acaso ate estava) mas mantive a postura e disse-lhe que a minha mae era branca e que sim, havia black africans em Portugal mas que nao eram african-americans. O tipo demorou uns 10 segundos para perceber a diferenca de conceitos.
PS - No meio de tudo isto nao posso deixar de referir o seguinte. Existe um programa federal (afirmative-action) cujo objectivo e atenuar as assimetrias raciais. Ou seja dependendo da raca/estrato-social as exigencias para o acesso a qualquer posto (seja numa Universidade, seja num emprego estadual) variam de acordo com a categoria em que uma pessoa se insere. O tipico tratar o igual como igual e o desigual como desigual. Na minha opiniao este sistema e virtuoso, mas e claramente insuficiente. Basta-me sair a rua para o constatar...
4 Comments:
por acaso também gosto de ler as tuas descrições da vida americana ;) continua!
By Anonymous, at 12:40 PM
Fantástico!! por acaso ainda não ponderaste a hipotese de mudar de profissão, davas um excelente blogista!! Já agora deixo possível tema para próximo post: "O facto de se ser latino e europeu da duas vantagens competitivas..." acho que todos os tugas gostariam de ficar mais esclarecidos!!
By Anonymous, at 1:02 PM
Gracias a malta.
Tem piada que os posts que eu acho que estao melhorzinhos raramente tem comentarios enquanto que os outros por vezes tem mais sucesso.
Anonymous ma men. Nao vamos discorrer sobre isso...
By Bernardo, at 11:55 PM
Professor,
caso tenha tempo, que pelos posts parece escassear, e caso ainda não conheça, da próxima vez que se sentar num sofá da Barnes & Noble dê uma vista de olhos ao livro satírico de George Carlin "When Will Jesus Bring the Pork Chops".
Dos inúmeros recortes que ele apresenta nesse livro, alguns são de crítica à exagerada linguagem eufemística utilizada pelos americanos. Penso que os irá achar interessantes.
Espero que de resto esteja tudo a correr bem.
Rui Francisco
(ruifrancisco@hotmail.com)
By Anonymous, at 5:58 PM
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