Mariza - O rescaldo

Ontem as 8 da noite deu-se o tao esperado e melhor-que-expectado concerto. Como se pode ver pelas horas a que comecou o espectaculo os americanos andam sempre com o relogio adiantado em relacao a nos. Ainda nao me habituei a almocar ao 12:00 (e por vezes antes) o que ate da um certo jeito pois quando vou a cantina (a umas decentes 2 da tarde) nao ha ninguem nas filas.

Antes do concerto houve uma aglomeracao de portugueses num bar em Westwood e perto do Royce Hall (sala de concertos da UCLA). Eramos mais do que as proverbiais maes, e deu um certo gozo falar portugues. No entanto como nao estou aqui ha tanto tempo como isso nao senti 'um regresso as origens'. Achei engracado mas nao passou disso.

As 7 e meia a malta dirigiu-se para o Royce Hall e eis a minha primeira surpresa quando vejo que a assistencia era maioritariamente affluent middle-aged americans. Que e como quem diz, brancos com dinheiro. O meu bilhete era de estudante (obviamente) e portanto (tambem obviamente) fiquei no saudoso terceiro anel do Royce Hall. Antes de falar do concerto uma palavra sobre a Sala. Fabulosa. Imaginem um Coliseu dos Recreios, um pouco mais pequeno, mas com o mesmo aprumo. Isto dentro de uma Universidade! Quando digo mais pequeno, nao e muito mais pequeno. Acho que ontem estavam a vontade umas 1500 pessoas.

O espectaculo estava muito bem ensaiado. As cortinas abriram e estavam dois tipos sentados (guitarra portuguesa e viola) vestidos de preto. Comecaram a tocar uma Guitarrada. no fim desta entrou a Marisa. A malta aplaudiu efusivamente. Ela e maior do que eu esperava. (maior nao no sentido literal como: "ela e grande, alta, gorda etc..." mas sim no sentido de "ela e conhecida, admirada, apreciada etc...'). Eu por esta altura, e apos o fim da primeira musica, mudei de poiso e fui-me sentar mesmo ao lado do palco mas no primeiro anel. Bom lugar.

Foi muito bom ouvir musica portuguesa e foi muito bom ouvir Fado. Por vezes era dificil compreender que de facto estava em L.A. (antitese de Lisboa) e que aquilo que ouvia era a minha cultura. Cultura essa que pensava conhecida so por um pequeno nicho. A Mariza tem um a-vontade fenomenal em palco. A malta ouviu as musicas em silencio e aplaudiu efusivamente sempre que acabava uma musica. E nao foram pity applause (a uma certa altura ela pediu em portugues, para que os portugueses a acompanhassem no 'Cheira bem, cheira a Lisboa'. Eramos poucos, estavamos difusos, mas fizemos estrago).

O concerto teve pelo menos tres encores e ela alternou portugues com ingles. Alias ela cantou uma musica em ingles, o Summertime (acho que e do Gershwin). Nessa altura o Royce Hall veio abaixo. Depois disso ela brindou os brazucas presentes (estao em todo o lado) com uma musica da Elis Regina. O melhor veio no final, quando apos uns 2 minutos de aplausos com a Mariza fora do palco. Ao voltar ela largou o microfone, os guitarristas desligaram os amplificadores, e os quatro no meio do palco comecaram uma Garraiada. Isto numa sala relativamente grande. Fantastico.