Formulei uma Teoria enquanto subia as escadas para o quarto
11:30 da noite de uma Los Angeles amena. Um jovem pergunta-se: "Como será que a variação da classe socioeconómica altera o sentido de voto?" Será a malta das classes A e B (mais informada, mais alimentada e certamente mais iluminada) capaz de efectuar uma escolha mais racional e ponderada sobre um assunto que a afecta pessoalmente? Antes de alcançar o último degrau apostei comigo (ia acrescentando "próprio" mas a esquizofrenia impedir-me-ia de saber ao certo qual de mim veio com a ideia) que a malta mais iluminada, é claramente menos instintiva e portanto menos racional pois têm percepções demasiado distorcidas e demasiado longíquas da zona reptiliana do cérebro pelo que dificilmente fazem a melhor escolha ao votar para PR.
A aposta era a de que a malta de Lisboa (que vive no centro do conhecimento nacional, contendo a Torre do Tombo, a Biblioteca Nacional, o Plateau, o Chapitô, o Bar-da-Esquina o Bairro-Alto-Caviar etc. e tal) como está bem alimentada, preocupa-se com questões intelectualmente estimulantes deixando de lado assuntos rasteiros e mundanos como: saneamento básico, crescimento económico, sistema de transportes e afins.
A malta de Lisboa como já vive numa zona com um PIB/capita de 75% da Média Europeia já se começa exclusivamente a preocupar com questões mais pertinentes e espiritualmente dignas como: qual a ligação entre Kierkgaard e Freud? Qual a melhor altura do mês para ir ao Tour d' Argent? Qual será a ligação entre Gauguin e Van Gogh? (esta questão é bastante pertinente para a malta bloquista) Qual o melhor Soho, o de Londres ou o de Nova Iorque? E já que estamos nisto qual a melhor Chinatown? A de NY ou a de Chicago? (desde já vos digo que a de LA é pobrezita).
Certamente que os illuminatti da Av. de Roma não iriam votar num "gajo" do Poço-do-Boliqueime que de acordo com o Senhor do Campo Grande é apenas um razoável economista ("não é um Prémio Nobel") e que nada percebe de Ciências-Nobres como Filosofia, História, Arte e escatologia nenhuma (sim, também eu sou de Lisboa).
Long Story short. A malta de Lisboa é tão imberbe, intelectualmente pedante e democraticamente imadura que sacrifica o bem-estar dos filhos a uma idiota ideia de civilidade/cultura que por alguma razão julgam deverem ser as qualidades mais importantes dum PR (ler o burgesso Vital Moreira para um exemplo). Mais, a malta o que quer é ouvir soundbytes épicos como: Coragem, Fraternidade, Luta, Combate e outras merdas do género.
Essa malta do Moët Chandon da Avenida da Liberdade (que tal como eu ainda vive num país atrasadíssimo), não pára para pensar que a "luta partidária" e o "combate político" são ideias egoístas, ineficazes e ultrajantes. A política não deve ser um jogo. Deve servir para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.
É por isso que me espanta a quantidade de votos que teve o Alegre. E é aqui que vos exporei os resultados empíricos às minhas hipóteses (resultados esses que encontrei aqui: www.eleicoes.mj.pt).
Que a malta vote Soares, sendo uma má-opção na minha perspectiva, até não é irracional no sentido em que pode ser explicado logicamente (dando algum desconto). Isto porque poder-se-ia pensar que ele é um tipo que poderá (em virtude dos contactos e não sei que mais) trazer alguma mais-valia para Portugal.
Agora o Alegre? O que é que ele fez? Quais as suas qualidades? Nem vou discutir a qualidade da sua obra. (As doces vantagens da subjectividade!) O que é que ele pode trazer a Portugal? (bolas, o tipo teve um caso com a Helena Roseta! Quão deprimente e pouco ambicioso é isso?). Ou seja, ele não representa nada, não tem atributos nenhuns. As pessoas só podem votar nele pela noção que têm dele de: "civilidade", "cultura", "olha como ele é bonito", "coragem" e "independência" (esta aqui está-me a dar convulsões). Claro que todas estas noções foram compradas nos pasquins mediáticos.
Por isto tudo é que Lisboa foi o terceiro distrito do País onde o único-candidato-de-jeito teve menos votos e onde o Fraterno-Lutador teve 24% dos votos. O nível socioeconomico está inversamente relacionado com a clareza e lógica das escolhas.
Por isso a questão mantém-se: "Será o indicador socioeconónomico uma boa medida para o grau de sofisticação das escolhas, ou será que apenas as confunde e nos afasta do essencial?" Boa questão para o António Damásio (que vem aqui à UCLA esta semana) investigar. Sim porque estas coisas são demasiado importantes para deixar a Sociólogos.
Nem vou falar da Campanha. Tiveram 5x o nosso Tempo-de-Antena mas mesmo assim o bom senso da restante população imperou. Mas por pouco...
A aposta era a de que a malta de Lisboa (que vive no centro do conhecimento nacional, contendo a Torre do Tombo, a Biblioteca Nacional, o Plateau, o Chapitô, o Bar-da-Esquina o Bairro-Alto-Caviar etc. e tal) como está bem alimentada, preocupa-se com questões intelectualmente estimulantes deixando de lado assuntos rasteiros e mundanos como: saneamento básico, crescimento económico, sistema de transportes e afins.
A malta de Lisboa como já vive numa zona com um PIB/capita de 75% da Média Europeia já se começa exclusivamente a preocupar com questões mais pertinentes e espiritualmente dignas como: qual a ligação entre Kierkgaard e Freud? Qual a melhor altura do mês para ir ao Tour d' Argent? Qual será a ligação entre Gauguin e Van Gogh? (esta questão é bastante pertinente para a malta bloquista) Qual o melhor Soho, o de Londres ou o de Nova Iorque? E já que estamos nisto qual a melhor Chinatown? A de NY ou a de Chicago? (desde já vos digo que a de LA é pobrezita).
Certamente que os illuminatti da Av. de Roma não iriam votar num "gajo" do Poço-do-Boliqueime que de acordo com o Senhor do Campo Grande é apenas um razoável economista ("não é um Prémio Nobel") e que nada percebe de Ciências-Nobres como Filosofia, História, Arte e escatologia nenhuma (sim, também eu sou de Lisboa).
Long Story short. A malta de Lisboa é tão imberbe, intelectualmente pedante e democraticamente imadura que sacrifica o bem-estar dos filhos a uma idiota ideia de civilidade/cultura que por alguma razão julgam deverem ser as qualidades mais importantes dum PR (ler o burgesso Vital Moreira para um exemplo). Mais, a malta o que quer é ouvir soundbytes épicos como: Coragem, Fraternidade, Luta, Combate e outras merdas do género.
Essa malta do Moët Chandon da Avenida da Liberdade (que tal como eu ainda vive num país atrasadíssimo), não pára para pensar que a "luta partidária" e o "combate político" são ideias egoístas, ineficazes e ultrajantes. A política não deve ser um jogo. Deve servir para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.
É por isso que me espanta a quantidade de votos que teve o Alegre. E é aqui que vos exporei os resultados empíricos às minhas hipóteses (resultados esses que encontrei aqui: www.eleicoes.mj.pt).
Que a malta vote Soares, sendo uma má-opção na minha perspectiva, até não é irracional no sentido em que pode ser explicado logicamente (dando algum desconto). Isto porque poder-se-ia pensar que ele é um tipo que poderá (em virtude dos contactos e não sei que mais) trazer alguma mais-valia para Portugal.
Agora o Alegre? O que é que ele fez? Quais as suas qualidades? Nem vou discutir a qualidade da sua obra. (As doces vantagens da subjectividade!) O que é que ele pode trazer a Portugal? (bolas, o tipo teve um caso com a Helena Roseta! Quão deprimente e pouco ambicioso é isso?). Ou seja, ele não representa nada, não tem atributos nenhuns. As pessoas só podem votar nele pela noção que têm dele de: "civilidade", "cultura", "olha como ele é bonito", "coragem" e "independência" (esta aqui está-me a dar convulsões). Claro que todas estas noções foram compradas nos pasquins mediáticos.
Por isto tudo é que Lisboa foi o terceiro distrito do País onde o único-candidato-de-jeito teve menos votos e onde o Fraterno-Lutador teve 24% dos votos. O nível socioeconomico está inversamente relacionado com a clareza e lógica das escolhas.
Por isso a questão mantém-se: "Será o indicador socioeconónomico uma boa medida para o grau de sofisticação das escolhas, ou será que apenas as confunde e nos afasta do essencial?" Boa questão para o António Damásio (que vem aqui à UCLA esta semana) investigar. Sim porque estas coisas são demasiado importantes para deixar a Sociólogos.
Nem vou falar da Campanha. Tiveram 5x o nosso Tempo-de-Antena mas mesmo assim o bom senso da restante população imperou. Mas por pouco...
8 Comments:
Em relação ao Alegre, a melhor razão para o voto na personagem vi-a no pulo-do-lobo, no post "deve ser da barba".
Em relação a Lisboa, só sei q quando Cavaco ia nos 50 vírgila qq coisa e a descer, e só faltavam as grandes freguesias urbanas, eu já amaldiçoava os lisboetas. Vá lá q não chegou a fazer mossa... mas q esteve perto, esteve. Boa explicação para o facto, sim senhor.
By Anonymous, at 1:38 AM
“As sensações e os estados de alma de um indivíduo são influenciados por milhares de factores externos incontroláveis e inexplicáveis para a ciência.”
Na ‘Biologia das Emoções’, Damásio recorre à “imagiologia para mostrar que a maior parte das emoções que sentimos são sinalizadas no cérebro. Existem várias estruturas neuronais implicadas, por exemplo, nos estados de alegria, medo e felicidade.”..e 'independência' quiçá?
António Damásio, neurologista. professor na Universidade de Iowa, é um dos investigadores portugueses mais mediáticos de todo o mundo. É português!!
Gostei das palavras: escatologia e convulsões (a primeira tive de ao dicionário, confesso)
A ler .. http://www.criticanarede.com/entr_damasio.html
By nataliE, at 7:12 AM
Não percebo como é que se pode dar demasiado a um tipo que está com 52% nas sondagens.
As pessoas não pensam logicamente e a malta de Lisboa muito menos.
Dizer que Lisboa "é de esquerda" vai de encontro ao meu ponto. Em Portugal ser de esquerda é uma opção cultural. Isto porque em Portugal não há direita.
Não há diferença entre o PSD e o PS-sensato (que o Sócrates representa)
By Bernardo, at 10:59 AM
Nas últimas sondagens Cavaco estava com mais do dobro da votação de Alegre, por isso o lisboeta de esquerda não correu grande risco ao votar no poeta. De qualquer maneira quase metade dos lisboetas votaram Cavaco. As sondagens também eram "taxativas": numa segunda volta Cavaco esmagaria Alegre.
As candidaturas de esquerda eram fraquinhas e a direita eclipsou-se prudentemente. Um Paulo Portas, um Basílio Horta, porque não apareceram no despique?
Vi o Pacheco Pereira num Prós e Contras a fazer um garboso discurso de direita. Que baforada de ar fresco! Defendia a Segurança Social minimalista, reforçada com os programas privados de planos de reforma. Até parecia um ET. Claro que não havia nenhum candidato presidencial a defender esses pontos de vista. Cavaco Silva pôde refastelar-se, encostando-se à esquerda.
O lisboeta foi racional. Protestou votando Alegre.
By Rui Pedro, at 3:13 AM
Na última semana (e de acordo com as sondagens diárias do DN/TSF e na sexta do Expresso) Cavaco desceu para os 52/53%. Ou seja a eleição estava renhidíssima (também porque de acordo com Alegre Vs. Cavaco estava 45%/55%, infelizmente longe de esmagar)por isso não percebo quão descansado se pode estar com 50%+2% (dentro da margem de erro).
O Lisboeta foi racional votando Alegre? Sem querer ser cínico, nem irónico quero dizer-te que não percebo o porquê.
Eu sei e tu sabes que CS não é parvo e que não se pôs com bandeiras de direita porque lhe caíam os 5 estarolas em cima. O tipo fez precisamente o que eu faria. Nunca pensei que ganhasse por tão pouco.
By Bernardo, at 5:44 PM
Acho (sem ponta de ironia!) que o eleitorado lisboeta foi "razoável". O Expresso da semana passada previu para a Área Metropolitana de Lisboa um resultado de 42,7% para Cavaco Silva. Ora ele alcançou 46,7% no Concelho de Lisboa e 44,62% nesse distrito; e esses resultados são basicamente o dobro dos alcançados por Manuel Alegre nesses circulos eleitorais.
É verdade que a gradação cavaquista de Lisboa é mais ténue do que a de Viana do Castelo ou de Aveiro. E então?
Uma segunda volta Alegre-Cavaco não seria mais renhida do que a segunda volta de 1986 ou o despique entre Cavaco e Sampaio há dez anos. Claro que é mais confortável para Cavaco não ter tido de enfrentar essa disputa (se calhar ele pensa que assim se "dignifica" mais a alta magistratura da presidência...).
Continuo a sustentar que o voto em Alegre ("doce subjectividade") foi de protesto. A parada estava perdida para Cavaco. Votando em Alegre o eleitorado penalizou o candidato oficial socialista, que não se mostrou à altura para vencer Cavaco. O eleitorado lisboeta mostrou o seu desagrado pela escolha do PS, ao mesmo tempo que não debelou a hipótese Cavaco.
Claro que Cavaco fez bem em encostar-se à esquerda; ele "colaborou estrategicamente" com o seu elaborado natural, entrando alegremente pelo centro-esquerda. (Parece-me apenas que o PP sai novamente enfraquecido deste acto eleitoral. Ao demitir-se de defender os seus pontos de vista para a sociedade e economia portuguesas, alimenta a ideia da sua presença política ser simplesmente espúria, motivada apenas em conseguir umas migalhinhas nalgumas disputas eleitorais. Ora isso há-de ser mau para o partido e para a nossa sociedade, por ficar menos claro ao eleitorado os caminhos alternativos com que somos confrontados. Ainda por cima Cavaco despreza o PP. Não percebo como dignifica o PP, o apoio a um candidato que não defende os seus pontos de vista.)
By Rui Pedro, at 4:58 AM
ola! sem teoria.. acho. (percebo pouco ou 'niente' de futebol) apenas sei que ganhou:
SPOoorting!!
ihihi
acho melhor mudares o nome da equipa. ainda vais a tempo..
:)
sem novidade porque deve ter sido A notícia ontem na Terra: Portugal coberto de branco! LX!!! (as mãos frias e os lábios roxos não foram em vão!sabia..)
By nataliE, at 7:03 AM
a av. de roma votou claramente em cavaco.
(eu que moro lá nunca votaria!)
By Anonymous, at 2:38 PM
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